quinta-feira, 17 de março de 2011
Sobre o grilo que morava comigo
Foi inesperado. Eu tava ali entrando no banheiro e o grilo ali me olhando, quase que eu podia vê-lo sorrir. Mas percebi desde o princípio que ele tava triste, que aquilo tudo ali não era pra ser feliz. Deixei-o quieto. Quando a gente tá assim, ou quer um abraço ou quer o silêncio. E já que nossas diferenças biológicas nos privavam dessa expressão de sentimentos, dei-lhe o silêncio e a liberdade de deixar-se estar ali. Até nadou, o pobrezinho. Escalou o tapete emborrachado. Escorado num cantinho, lutou com pra chegar mais alto e fugir da correnteza, mas acabou desistindo. Deixei-o lá, a maresia cessou. No outro dia, achei que já tivesse partido, mas me surpreendi ao vê-lo ali novamente. O pobrezinho nadou mais que nunca - e ele não queria ajuda, só queria viver. E como viveu, o grilo. Um dia e algumas horas no meu banheiro. E soube como.
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