sábado, 4 de fevereiro de 2012

Dos desatinos matinais

Acordo pra perder o coração logo cedo. Por que, dezoito dias após a minha despedida as notícias chegam assim, pra mudar tudo? Não sei se choro ou se rio. Aquela esperança tola me assolando novamente, minha cabeça vagando em suposições. Eu imaginando nós dois, a história dos ônibus novamente, eu sentindo que esse ano sim, vai ser diferente. Que eu e você vamos ter a oportunidade de dizer tudo que não foi dito desde então. E me cresce aquele medo, aquele desatino... mas meu coração é sincero e se perde batendo além da conta ao passo em que minha memória desenfreada vai renascendo e dizendo que voltou pra ficar. Como se isso fosse um conforto, mas não consigo pensar dessa forma. Então vou viver os dias só meus, e depois verei como é que estão as coisas. Espero poder encontrar teus olhos como um dia foram, espero ter teu jeito meu de novo. Ainda não sei medir o quanto as pessoas mudam.

Gostaria que pouco.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Palavras de ressaca

Só sei que aquele passado estranho e aquele ano começam bater na minha porta novamente. Sei o que tá prestes a acontecer, sei o que pode acontecer e mesmo assim tudo que me soa os ouvidos me parece novo, estranho, de alguma forma acolhedor mas ao mesmo tempo devastante. Como quando você sabe que o fio tá sobre a pele e você acabou de afiá-lo: tudo muito previsível. É essa sensação que eu tenho às beiras de abrir-te a porta mais uma vez, é esse medo e ao mesmo tempo essa esperança tola de que dessa vez as coisas sejam diferentes, mas que principalmente eu consiga ser diferente pra mudar as coisas. Mas não sei se consigo fugir do que eu sou. Não sei se ali, na hora, vou conseguir me transformar ou a menos fingir ser alguém novo. Você sabe que todas as palavras que pairam na minha mente às vezes se encontram encarceradas, e já não posso controlar sua abertura. Na verdade, jamais pude. E então você vem me dizer que sente saudades, dizer quanto tempo faz, dizer que nós até esquecemos o som de nossas conversas, e como voltar assim tão subitamente a algo que foi brutalmente interrompido? Em algo que acabou sem adeus? Minha dúvida é: ainda resta passado? Ou tudo que fizemos e vivemos até agora foi esquecido? Não sei se tua memória é tão traidora quanto a minha, não sei a que ponto posso eu também mudar, sem que minha mudança seja percebida. Como se eu pudesse fingir que me tornei alguém melhor da noite pro dia, como se uma ligação bastasse. Como se algumas palavras escritas e meia dúzia de palavras eletromagnéticas bastassem pra construir uma relação destruída em um ou dois ou três ou quatro dias. Você sabe bem do que eu estou falando. Então eu te peço por favor que faça alguma coisa, que fale alguma coisa e que não deixe tudo pra mim. Te peço que me ajude, porque não é assim tão fácil... todos carregam uma máscara, você bem sabe. E se não quiser me ajudar caso eu falha, quem sabe eu assuma minha loucura de uma vez por todas e viva em silêncio feliz. Sorrindo largo o tempo todo, não dando a mínima pra nada, só dando risada e brincando de ser feliz.