quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Alive

Eu nem sei o que dizer. O vento que soa e bate violentamente nas pedras, balança, sacode as árvores só me mostra mais uma triste realidade: estou viva. O sol que queima na pele e o mar que se encontra com as rochas, torna a me afirmar: estou viva. As folhas secas que caem, as flores que renascem a cada primavera e a vida que brota da terra me alertam: estou viva. Milhões de pessoas que caminham sem rumo e direção, ao redor de todo o mundo, chorando, sorrindo, beijando, cantando, morrendo, me alertam: estou viva. A cada acidente, a cada alegria, a cada conquista, e todos os fogos de artíficio, os céus, me alertam: estou viva.

A natureza. Sou eu. Estou viva.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Sutiã 46

Eu tenho medo da madrugada gelada que me espera lá fora. Sim. Medo. Eu, uma mulher feita, formada e bem sucedida, com medo. Esparramada nos meus lençóis 180 fios de percal, numa cama king size box, com medo. Eu, com uma casa grande e bela, exuberante, com medo. Eu, com papéis me esperando em cima de uma mesa de um dos edíficios da Avenida Paulista, com medo. Eu, com 1.76, 60kg, cabelo castanho liso e longo, olhos azuis piscina e sutiã 46: com medo.

E dizer que a madrugada lá fora me amedronta. Que o barulho calmo da chuva me atormenta. Que o pio distante dos passáros me agita. Dizer que algo tão singelo é capaz de me fazer abraçar o travesseiro de penas. Dizer que o tapa-olho apeluciado não me privava de nenhum desses rivais, enquanto eu rolava de um lado para o outro, na cama, tentando me atirar no chão: em vão. A cama parecia grande de mais, imensa.

As coisas pequenas, as quais realmente importam estavam me esquivando de meu mundo pretencioso: eu tinha tudo, e assim não tinha nada. Mas que fiasco! E estou aqui agora, filosofando enquanto deveria estar dormindo. Porque afinal, dormir emagrece e também é bom para a pele. Mas não. Estou com medo. Estou sendo oprimida pela natureza! Certamente por que fui contra ela. 46 era o número do meu medo, imenso.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Poeminha do Perdão

Perdão
Díficil decisão
Se o fizesse tudo acalmaria-se, até
então,

Se eu lhe perdoasse
por ter machucado
meu coração
Você voltaria e o faria de novo?
E eu novamente? O que, perdão?

Não, acho que não
É uma palavra bonita, de fato
Mas que não combina contigo
e teus atos
Porque errôneo tu permanece
pedindo perdão,
e me esquece.

E eu em pura solidão,
com medo de ficar sem ti
em profunda depressão
acabo lhe pedindo
por perdão.

Tu vais, erra... E me pede novamente.
E eu perdoo, tomada de indecisão.
E erro, de novo, pedindo perdão.
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Esse poema é em homenagem a Elise, uma das minhas mais fiéis personagens.