terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Human Presence

Há prazeres que não se encontram em nenhum outro lugar.

Triste é saber que não há olhos suficientes para se analisar, não há almas suficientes para se viver e para se sorrir. Não sei se isso é um pretexto meu, mas ao menos eu sinto. E sorrio. E vivo.

E, se as coisas evoluírem do ritmo que eu suponho, e não atropelaram-me como da última vez, creio que breve as coisas chegarão aonde devem chegar.

E cada vez, só tenho que ser mais leve, mais leve. Mais leve.

Ainda que isso pareça impossível.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

You say ciao, and I...

- Oi.
- Oi!
- Vem aqui - pausa - Posso te dizer uma coisa?
- Hum. Tá.
- Teu sorriso é tão bonito.
- É? - e ela sorri.
- E teus olhos são tão bonitos.
- São? - ela encara os olhos dele esperançosa.
- E eu gosto tanto de você, que até dói.

E daquela forma, com um sorriso nos lábios, e os olhos fixos nos dele, ela permanece, enquanto ele ri, desconfortável, se afastando.

- E você continua deslumbrada depois de eu ter dito o que eu disse?
- Oi?
- Tchau.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Antes que chegue o...

Eu deveria ter imaginado. Ou visto, ou tentado. Ao menos tentato sentir, um pouco que fosse de ódio, um pouco que fosse de desprezo. Um pouco que fosse de dor, para que eu pudese, ao menos daquela vez ter fugido. Antes que fosse tarde de mais, antes que fosse o fim...

(Fim)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Sobre uma memória esquecida

Era uma manhã pequenina, uma manhã daquelas de inverno bem gelado. Uma daquelas que não te dá ânimo pra sair da cama, de jeito nenhum, não senhora. Ainda assim eu saí, pulei da bendita e vesti os casacos com os olhos ardendo. Caminhei alguns minutos a pé em direção da escola, desisti. Observei os banquinhos da praça vazios, as árvores alvoroçando com o gelado vento e resolvi me sentar. Fazer companhia às pobres e solitárias árvores.

Comecei a assoviar uma canção. Não me lembro muito bem da letra, mas com certeza falava de amor. Eu gostava do ritmo. Gostaria de cantá-la, se lembrasse da letra. Mas não lembrava. Já não lembrava de nada.

Aproximaram-se da escola alguns colegas meus, até quis acompanhá-los, até quis saudar-lhes com um bom-dia, mesmo que não quisessem me ouvir. Mas não lembrava, não lembrava de como falar com eles, não lembrava de como dar tal bom-dia. Aí, do nada, sentou-se do meu lado uma garota, conhecida minha, e ficou em silêncio.

E eu não lembrava de como era a voz dela. Aí percebi que tudo estava silencioso demais. Ela mexia os lábios com um sorriso grande, brincava com o cabelo enquanto parecia falar, falar e falar. Mas eu nada ouvia. Só via, e via. E nada ouvia.

Havia esquecido de ouvir? Mas então ela pousou a mão no meu joelho, e ainda assim tendo esquecido, senti seu toque e me sobressaltei. Era tudo muito novo. Tudo muito solitário e muito sozinho, e mesmo assim aquela criatura tão admirável continuava a falar, falar, sorrir, sorrir. E eu me quedei no meu silêncio, não lembrando de nada, não conseguindo lembrar sequer com grande esforço.

E aí eu acordei. Não havia nada para ser lembrado.