domingo, 14 de outubro de 2012

Confusion in her eyes that says it all

Tenho esperado por esse momento há algum tempo. E toda essa demora foi algo que realmente me assustou. Afinal, sempre que o coração está batendo, as palavras parecem afogar-me e fugirem de mim na mesma velocidade dos batimentos do meu coração. Com você foi tudo ao contrário. Tão estranho nutrir um ódio infantil e um amor tão carinhoso ao mesmo tempo... aquela vontade de dar-te um belo soco na cara e ao mesmo tempo de segurar tua mão e manter nossos olhos brincando num falso-verdadeiro jogo de quem desvia o olhar primeiro. Nossa timidez inexistente se revelando nessas situações, e um momento que o olhar já não se sustenta mais: a confusão dentro de mim esbanja e meus olhos nem lutam mais por contato visual. É aquela fuga de estar com você no lugar errado, mas ao mesmo tempo estar desesperada por não ter estado ali antes. Esse amor tão diferente, tão calmo, tão terno... me confunde. Tenho medo dessas surpresas, essas coisas que chegam assim tão de repente e nascem de lugar nenhum. Não foi amor a primeira - nem a última - vista, só foi acontecendo, e apagando, e acendendo, e eu... delirando. É possível desejar que amor não aconteça? A insanidade dessas pergunta me atordoa. Não aguento mais o olhar. Não aguento mais tuas palavras, não aguento mais o mundo a nossa volta... Isso me explode o tempo todo. Que amor sutil é esse? Que amor é esse que me obriga, me empurra, que me diz que não é o que eu quero mas que faz tudo para me mostrar que tudo que eu sempre quis está bem debaixo do nariz e está nas tuas mãos? Eu tô perdendo o controle, baby. Meu olhar não te intimida mais... Nem surpreende. Ele só dá medo.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

The wind speed

Sinto muito, mas estou apaixonada pela raiz do teu cabelo. Que esquisito, que estranho - certo que tu dirias. Mas fico olhando ali aqueles fios que tão delicamente se prendem e caem pelos teus ombros nus e roçam no teu pescoço alvo e lânguido no ritmo louco que só é do vento. E começo a amar primeiro o vento - que na verdade eu já amava - e depois começo a amar a tua pele, teu pescoço mais especificamente, mas reparo que os ombros também me encantam - e que talvez sejam os cabelos - mas a final de contas chego a conclusão de que o motivo de todo meu amor naquele momento não é nada mais que a raiz dos teus cabelos. Dizem que amamos aquilo que faz as coisas acontecerem, mas eu preferi amar o que acontece. Queria que tu tivesses essa visão, o vento louco batendo em ti e em mim e tua raiz ali, firme, sustentando toda a graciosidade do movimento dos teus cabelos que roçam, roçam, acariciam... Os meus olhos distantes do cheiro de artemísia mas ainda assim acariciados e perfumados pelo movimento tão doce dos teus fios de cabelo. Ah, teus dedos que tão lentamente sobem às mechas e a distração com que tu levantas o cabelo e prende-o atrás da orelha... tão alva. Rio um pouco nervosa com tudo aquilo, teu sorriso de canto basta para que o vento cesse - ao menos eu só sinto todo aquele ar dentro de mim, e naquele furacão que me percorre por dentro, solto enfim o ar num suspiro e digo: - Ah, o vento.

domingo, 29 de abril de 2012

Referencial

Vou tentar me convencer até que não mais seja possível. Tudo isso porque aquele você ainda bate no peito, e porque minhas mãos apesar de frias teimam em ter forças e segurar um passado que ainda que mal lembrado, carrego dentro de mim. Nesse procurar e encontrar de olhos - só para constatar frieza e esquecimento - me perguntou quanto tempo meus dedos ainda aguentam. Seria mais fácil deixá-los livres e esquecer, mas aquele você simplesmente me faz muito importante e não há como mandar o coração parar de sentir tamanha saudade, não há como apagar as lembranças das estepes com um piscar de olhos ou abrir de mãos. É por isso que tento, sem sucesso, me convencer, de que tudo isso que passa com esse você é não mais do que uma dispersão. Porque não quero nada mais que aquele, não quero nada mais que não seja memória e paixão... Aquela magia ainda me conquista, e meu coração tem-se mostrado mais paciente do que de costume. A cabeça perde-se e o sentimento continua imune. Me pergunto se você também tem tentado se convencer por alguma coisa. Enquanto isso, esses braços quentes me acolhem. E aquele você, no olhar frio que me parte o peito, segue sendo lembrança.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Se guiar fosse o caminho

A estrada era bonita e me chamava. É claro, meu coração palpitava a todo instante. Me perguntei que direção deveria tomar, nada em mim deu-se o trabalho de responder. A estrada convidava, o céu era bonito pra todos os lados: que lado seguir então? “Segue o coração, segue o coração...” Coração bate tão forte que é impossível saber o que diz. Qualquer lugar então. Qualquer lugar é lugar pra ser feliz. Fecho os olhos e mentalizo: primeiro pássaro que passar eu sigo, nem que seja cavando buraco no chão. Mas as asas são largas, e o condor lá no alto voa sem destino em direção a pedaço qualquer do céu. O sorriso dentro de mim se esgota, canto da boca dolorido, asas que me fazem sorrir. Abro-me para o mundo, sigo meus passos naquela direção incerta, mas bonita, e deixo com que o vento me trague. Cada passo é um pedaço solto, sou meu andar, sou o que perco: vazio interior cada vez mais, tendo em companhia o vento que me sussurra sem parar “Segue o coração, segue o coração...” Coração nem bate mais.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Quatro

Estendi minha mão ao teu encontro. Aquele som calmo compassado aquele baixo delirante o tempo todo me lembrando nossos encontros e o teu jeito. Aquele jeito que eu tanto detestava e amava ao mesmo tempo, a forma como só tu e o teu tipo único o torto eram capazes de me fazer feliz. Uma vez você me perguntou o que era felicidade e eu não soube responder. Uma vez tomou coragem pra dizer que me amava e eu não soube responder. Hoje eu observo atenta o baixo de cada música e meu coração rebenta lembrando de ti. Respondo-te então, o que é felicidade: lembrar de alguém e ter o coração doendo de saudade. E acho – não cheguei bem a uma conclusão, que chamamos isso também de amor. Quero encontrar teus olhos e poder ouvir a melodia escapando deles, rir com teu riso, me entregar na tua alegria, na tua diferença, nas tuas maneiras tão divergentes de ser e pensar. Aquele som me traga e me mergulha – universo de melancolia pura! – eu achando respostas tardias ao som de um baixo infeliz.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Princípio

Há situações e há situações. Mantenho minha dúvida na cabeça, as diversas situações a que me submeto e o caminho que eu desconheço a seguir. Não sei mais muito bem quem sou, me pego tendo tantos gostos e tantos sonhos distintos, e ao longo da estrada cada um vai me sorrindo e já não sei quem está ao meu lado. O dia-a-dia é rápido como uma bala, o dia se esvai entre pensamentos que desistem e palavras que morrem. Os sentimentos são incompletos. Sobram palavras e faltam dizeres. Meu coração bate e lamenta, ninguém ouve mais. Não há o que falar. Mas uma necessidade assombrosa me assola, e meu coração ainda é inocente, eu sei, e assim chora... Incerteza gritante desse mundo nosso. Eu tentei seguir passos mas eu saí da rota, e perdão porque não sei voltar. Sinto como se a vida escapasse aos dedos, os momentos vão e só resta o receio. Penso tanto no que virá e sinto tanta falta de tudo que passou, do que senti, do que me foi. Vou esperar em silêncio um sorriso, uma mão que me leve de volta ao caminho, vou esperar tua visita e esperar minha coragem e ao mesmo tempo que eu preciso das palavras eu rezo para que me fogem, ao mesmo tempo que eu preciso de pessoas eu peço que evaporem e ao mesmo tempo que eu preciso me manter acordada eu peço por sono. Eu sei que Deus nenhum ouve meus pedidos, mas ainda assim eu peço, na esperança tola, de que surjas à porta e abrace dizendo que tudo que dizem é mentira e que é pra ficar tranquila, não importa - o vento não tarda a soprar de volta. Rumo, foco, todos os princípios que a luz segue me fogem agora. Não sei se penumbra, não sei se sombra... Não sei se indecisão, não sei se medo. Não sei se ser feliz ou ser o que desejam. Não sei o que.

quinta-feira, 15 de março de 2012

À saudade

É claro, vou falar isso de novo
Tenho sentido tanto tua falta
[Mas já estou a ponto de parar de esperar
Estou a ponto de sair correndo sem permissão
De abrir a porta e gritar por perdão
De dizer-te que ano que vem tô tirando carta e fugindo
E que não me importa nem um pouco que não goste disso.]

[Estou a ponto de sair correndo a te seguir
Segurar o ombro - voltarei a ser feliz -
Poder falar o mais lindo que há em meu coração
E parar de achar que tudo, ilusão
Quero só segurar teu riso
- É nisso que venho pensando há tempos -
Poder te ver ao riso meu,
sentir teus braços e teu calor - que é só meu
E assim voltar aos dias anis
E assim voltar a ser feliz.]

Mas no correr da vida nada se sucede
Somente um mar de agonia e imprecisão
E eu fico trancada em minha mente,
sentindo calafrios e de repente,
pensando em você mais uma vez então...
Peço baixinho pense pense pense
Peço que o destino inexistente nos encontre
Peço pro sol que queima e pros pássaros da rua
Que por favor, favor me faça tua.

E não tenho te visto faz algum tempo
- Talvez só minhas tormentas e visões -
Querer você é o que eu mais tenho no peito
Espero poder dizer-te então:
"Você vai?" "Você viu?" "Você vem?"
E marcar um encontro pra falarmos sobre os céus e coisas que falamos tanto em sorriso e silêncio.
Quero poder te dizer minhas palavras feias,
quero poder ouvir me repreender.
Quero deixar com que meu coração se renda
E se faça todo teu.

Assim talvez, isso não dure muito... Seja a dor, seja a agonia, seja a luta
Um fim algum dia deve ter
Ano que vem, sim, eu vou fugir...
[Mas já não sei se fujo sem você.]

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Dos desatinos matinais

Acordo pra perder o coração logo cedo. Por que, dezoito dias após a minha despedida as notícias chegam assim, pra mudar tudo? Não sei se choro ou se rio. Aquela esperança tola me assolando novamente, minha cabeça vagando em suposições. Eu imaginando nós dois, a história dos ônibus novamente, eu sentindo que esse ano sim, vai ser diferente. Que eu e você vamos ter a oportunidade de dizer tudo que não foi dito desde então. E me cresce aquele medo, aquele desatino... mas meu coração é sincero e se perde batendo além da conta ao passo em que minha memória desenfreada vai renascendo e dizendo que voltou pra ficar. Como se isso fosse um conforto, mas não consigo pensar dessa forma. Então vou viver os dias só meus, e depois verei como é que estão as coisas. Espero poder encontrar teus olhos como um dia foram, espero ter teu jeito meu de novo. Ainda não sei medir o quanto as pessoas mudam.

Gostaria que pouco.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Palavras de ressaca

Só sei que aquele passado estranho e aquele ano começam bater na minha porta novamente. Sei o que tá prestes a acontecer, sei o que pode acontecer e mesmo assim tudo que me soa os ouvidos me parece novo, estranho, de alguma forma acolhedor mas ao mesmo tempo devastante. Como quando você sabe que o fio tá sobre a pele e você acabou de afiá-lo: tudo muito previsível. É essa sensação que eu tenho às beiras de abrir-te a porta mais uma vez, é esse medo e ao mesmo tempo essa esperança tola de que dessa vez as coisas sejam diferentes, mas que principalmente eu consiga ser diferente pra mudar as coisas. Mas não sei se consigo fugir do que eu sou. Não sei se ali, na hora, vou conseguir me transformar ou a menos fingir ser alguém novo. Você sabe que todas as palavras que pairam na minha mente às vezes se encontram encarceradas, e já não posso controlar sua abertura. Na verdade, jamais pude. E então você vem me dizer que sente saudades, dizer quanto tempo faz, dizer que nós até esquecemos o som de nossas conversas, e como voltar assim tão subitamente a algo que foi brutalmente interrompido? Em algo que acabou sem adeus? Minha dúvida é: ainda resta passado? Ou tudo que fizemos e vivemos até agora foi esquecido? Não sei se tua memória é tão traidora quanto a minha, não sei a que ponto posso eu também mudar, sem que minha mudança seja percebida. Como se eu pudesse fingir que me tornei alguém melhor da noite pro dia, como se uma ligação bastasse. Como se algumas palavras escritas e meia dúzia de palavras eletromagnéticas bastassem pra construir uma relação destruída em um ou dois ou três ou quatro dias. Você sabe bem do que eu estou falando. Então eu te peço por favor que faça alguma coisa, que fale alguma coisa e que não deixe tudo pra mim. Te peço que me ajude, porque não é assim tão fácil... todos carregam uma máscara, você bem sabe. E se não quiser me ajudar caso eu falha, quem sabe eu assuma minha loucura de uma vez por todas e viva em silêncio feliz. Sorrindo largo o tempo todo, não dando a mínima pra nada, só dando risada e brincando de ser feliz.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Os sóis que se escondem no inverno

Ou eu tô maluca ou eu estou mudando. De novo. Sim, de novo. Esses dias tava andando por aí e estacionei o carro na frente do clube. Vi um conhecido de colégio passar por ali e lembrei daquele tempo. Que coisa mais ridícula. Então fiquei lembrando dos bailes que aconteceram ali e todos os porres que a gente tomou e fiquei me sentindo um lixo por ter deixado você partir. Tentei agarrar todas as lembranças naquele curto espaço de tempo que fiquei em frente ao clube, antes que alguém me tirasse dali ou o sol começasse a arder no meu rosto. Você lembra que sempre essa hora da tarde, quando o sol se punha cedo no inverno, lembra como ele costumava se esconder por entre o fim da rua e dar direto na nossa cara? Voltando um pouco no tempo eu lembro de quando éramos pequenos e descíamos a rua a mil por hora de bicicleta, e novamente vou me sentindo um lixo por ter deixado aquele tempo escapar pelos meus dedos. Por ter deixado você escapar pelos meus dedos. Hoje eu sou só visita itinerante desse lugar. E sinto em silêncio tua partida e todas as lembranças que jogamos penhasco abaixo. Não sei se são saudades ou se é só um rancor, de ter vivido tanta coisa contigo por nada. Nem um beijo, nenhum amasso, nenhuma saudade. Não que eu quisesse isso. Mas fico me questionando, que passamos tanto tempo juntos, tanto tempo segurando as mãos e mergulhando nos olhos e agora sou só eu aqui e você sabe-se lá aonde, cada um com suas vidas e lembranças fracas e hipócritas, que só veem a tona em momentos ridículos como esse. Pensando bem fico até decepcionada ao lembrar assim de ti, mas exercitando meu egoísmo chego a conclusão de que está tudo bem. Não tem problema. Eu sei que você age da mesma forma que eu. Eu sei que nós gastamos nosso tempo sorrindo pra pessoas novas e vivendo emoções e problemas novos. Afinal, ninguém que vive tem tempo de relembrar o passado. E por essas e outras continuo me sentindo um lixo. Porque eu fiquei ali parada? Porque não pude simplesmente passar por ali e sorrir, como eu sorriria pra qualquer outra estrutura arquitetônica bonita? Sabe, é difícil entender o coração, entender como as coisas passam. Desejei por um instante poder mergulhar nos teus olhos de novo e te contar tudo isso que estou sentindo, essa saudade sem fim e ao mesmo tempo tão fraca que vai se apossando de mim. Parece que as lembranças gostaram de ser recordadas e se agarram cada vez mais a minha pele para não ser novamente esquecidas. Talvez o passado também goste de ser revivido. Quem gosta de ser esquecido? Talvez só eu e você. E nesse meu desatino louco eu começo a pensar que talvez você pudesse estar tendo o mesmo pensamento que eu e que talvez estivéssemos nos evitando por algum motivo específico. Penso em pegar o telefone e chamar o teu número. Mas eu já sei mais teu número. Então penso em fazer login no meu Facebook, depois de tantos anos, e te mandar uma mensagem: mas é óbvio que nem você e nem eu acessam mais essa coisa. Então me lembro de bater na porta da casa da tua mãe, fazer uma visita e trocar palavras, tomar um mate ou ver as parreiras, só pra conseguir o teu endereço e saber notícias suas e fingir que sou boa pessoa. Fingir que sou pra casa. Finalmente consigo ligar o carro e sair dali, minha pele já ardia por conta do sol forte. Quando estacionei na porta da casa da tua mãe, vi teu semblante pequenino correndo portão afora pra entrar no carro de meu pai, todo animado com a prova de matemática e assim por diante. Que coisa mais estúpida. Tomei coragem e pulei pra fora, abri o portão velho que rangeu um pouquinho - pensando bem ele sempre fez aquele barulho. Tua mãe rapidamente saltou a porta e me perguntou quem eu era. É, parece que fazia tempo. Disse meu nome e ela logo riu. Claro que é você, olha esse rosto. Sorri sem jeito. Tomamos um mate e eu vi a horta, mas nada tinha nascido por causa da seca. Tua mãe me falou maravilhas de ti, de como o Rio de Janeiro era bonito e você também achava. Mas que não gostava de viver lá. Fiquei achando aquilo engraçado, mas sem esforço algum ela me deu teu endereço e eu nem lembro de tê-lo pedido. Fui pra casa com o papel enterrado nos bolsos. Minha mãe me esperava pro jantar - eu já nem mais sabia o que era aquilo. Sentei na minha escrivaninha do tempo das provas de matemática e me pus a escrever tudo isso, o coração transbordando pela garganta pensando no que diabos você estaria fazendo. E o quão estúpido era aquilo. Terminei a carta e não dizia coisa com coisa, mas eu sentia todas as palavras fazerem jus ao meu coração: admiti que sentia saudades, cá comigo. Fiquei pensando no passado, me xingando baixinho enquanto selava a carta e escrevia teu nome, tão bonito, tão curto... tão longe.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Asfalto

Então eu sigo meus antigos caminhos. Percebo que já não os abandono, e mesmo que o faça, eles voltam pra mim. Sorrio contente. Isso me encoraja a força. Ouço alguém sussurrando em meus ouvidos "cuidado com o que você deseja", mas já não me arrependo e nem temo o que tenho pedido. Concluo que está mais do que na hora, a mudança está vindo. Viveremos uma nova era, mas os caminhos não tão perdidos... estão perseguindo e pedindo para serem seguidos. Agora que eu esclareci as coisas, você percebe? Me sinto muito mais tranquila diante do fato. Sei que agora é só vestir a armadura e partir pro asfalto. Meu coração bombeia combústivel pra todo corpo. As lembranças fracas e as inquietudes desaparecem quando movo-me por mudança. E dentre as incontáveis pelas quais já passei, em tão pouco tempo de espaço, essa é de longe a mais inacreditável. Estou esperando o momento em que as mãos se enlaçam, carregando as armas para o novo mundo: a revolução das vontades, do ânimo, da luta e do verdadeiro progresso está para começar. É só uma questão de tempo até alcançar.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Despedida

Resolvi parar com minha loucura. Resolvi deixar de ser assim, tão sentimental... Não quero mais me emocionar uma folha caindo das árvores. Lembro de você e o coração já sai batendo, mas você sabe bem que essas coisas nunca foram comuns pra mim. Fui tão modificada pelo teu amor, chego a essa conclusão... Achei que eram os ares, as conversas, os estudos. Mas foi o amor que me deixou assim. E agora quero me afastar, quero deixar as coisas voltarem a ser como elas queriam ter sido. Voltar pra antes do momento em que você chegou e me fez sorrir. É claro que sinto saudades, a fibra cardíaca arrebenta o peito. Mas aos poucos, prometo... vou deixar tudo isso de lado. Vou guardar todo meu amor pra mim, e te ter sozinho cá comigo. Agora já tens quem te leve adiante, e eu continuo com minhas palavras... Mas as guardarei pra mim. É claro, eu deveria lhe agradecer por tudo, tantas coisas bonitas saíram do meu peito desde então. Mas a sinfonia de um final feliz meio inconstante já pode ser ouvida. Vejo aquela despedida se alastrando, corações batendo forte de saudade. Mas peço que fique tranquilo, não desista, e bata sempre. O meu mudou de cor, agora é vermelho. Brotou ali amor, tanta coisa nasceu desses olhares, desses dizeres, dessas vontades. Vou ficar esperando. Vou ficar vivendo. Longe de palavras, longe de ilusões. Vou alastrar o meu adeus pro resto dos meus dias. Mas seria bom te ter uma vez ou outra, encontrar teus olhos em meio ao mar vazio de gente. E aqui, vou sangrando. Preenchendo de vermelho as extremidades, pintando minha linha da vida e pedindo passagem. Talvez um céu azul esteja de braços abertos pra minha volta. Talvez a selva continue me querendo. Mas as luzes da cidade... não me querem mais por perto. Talvez, no fim desse meu arco-íris, eu ache as devidas cores para me colorir. Mas enquanto a saudade não cura, enquanto a paixão sangra aos poucos... até que a última gota de sangue-amor escorra das minhas veias pálidas, eu permaneço sendo... vermelho.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Roteiro velho

Estou indo aí pra dizer que está tudo bem. Não, isso não ficou bom. Estou indo aí para finalmente poder dizer que tudo está bem. Sim, é óbvio que você vai pensar que sou uma louca, e eu só estou confundindo mais a você e a mim mesma, afinal de contas... mas não importa. Não, isso também não ficou bom.
Quem sabe assim... um dia desses, eu caminho pela rua (você não sabe, mas deveria saber), sem rumo, pensando em talvez ir comprar uns livros ou talvez ir ao cinema sozinha, ou talvez tomar um café no parque - esses talvezes que a gente fica planejando e acabam não acontecendo (mas que dessa vez acontecem). Aí eu estou nessas de me perder e encontrar sozinha, caçando coisas pelas quais me daria prazer passar a semana, e  eu te vejo num desatino atravessando a rua, teu jeito contido e exacerbado, aquelas coisas que só quem ama consegue ver, sabe? Então quem sabe eu sorria feito uma louca, finja que não te vi, fique cá comigo na minha solidão caminhando meu ódio naquela rua... E fico pedindo baixinho, como todas as outras vezes, pra que me veja, veja, veja, e fale, fale, fale... Porque aí de repente já não me perco mais. E aí há um motivo para tomar café no parque, o cinema não será sozinho e os livros não serão os mesmos que eu compraria (você sabe, não ia ser como o planejado...). Mas como eu sei do meu desatino, nada disso vai acabar acontecendo. Então eu fico em casa, trancada, olhando pela janela a rua que eu não gosto lá fora. Escrevendo coisas e lembrando outras, planejando roteiros na minha cabeça, rindo de mim mesma e das coisas que eu mal penso, coisas que só sinto e nem planejo sentir. No fim do dia, deito na cama e fico pensando na manhã seguinte. Acordarei, tomarei café (teu gosto sempre na minha boca), e na caixinha do correio uma carta tua... uma carta vazia cheia de papéis, onde eu poderei escrever meu roteiro e viver meu filme, onde talvez eu encontre respostas pra essa peça da minha cabeça. Aí um dia, talvez, quando eu lançar o dito, você venha falar comigo sobre o nosso passado, essas coisas que eram pra ter acontecido e não foram e eu te sorrir mais uma vez, e pedir baixinho mais uma vez, e concluir, rindo de mim, da minha loucura, da minha imaginação criativa, vou pedir um abraço e dizer "Foi lindo". E só.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Lençóis

Então talvez eu seja obrigada a voltar a ser quem eu fui um dia, talvez eu seja obrigada a pôr o coração nas mãos mais uma vez e ter que aguentar vê-lo sangrando em disparada. Talvez eu tenha que correr atrás dela, talvez tenha que correr atrás de você... mas já não sou como fui ontem. Já não me parece ter tanta força pra puxar teu braço e dizer tudo que eu deveria ter dito há muito tempo atrás, entende? Porque não é como se fosse difícil... não é. Mas eu tenho medo de te por a minha frente, e falar sobre as estepes, sobre os lobos, sobre o tempo e sobre as dores e resgatar tudo que um dia eu senti, resgatar a linda memória que hoje já me põe pra baixo, porque eu estou sendo obrigada a deixar de ter isso tudo. E talvez eu pudesse então correr atrás dela, mas não quero fazer as coisas como se fosse uma desculpa, não quero fazer pra preencher o vazio, entende? Talvez ainda um dia desses eu preencha mil linhas e as enderece pra ti. Aí poderás entender. Como num sonho, meu coração não bate, como num sonho, tudo continua intacto, mas talvez eu seja obrigada a voltar... E como num sonho, eu sei que tenho que acordar.