sexta-feira, 27 de setembro de 2013

cortina do tempo

o céu, escuro, prepara-se para a chuva
e o azul aos poucos descolore-se em breu
meu peito pulsa sanguinário caminho constante
que aos poucos quagula em saudade do amor teu

e meu desejo abranda o momento
e meus ímpares olhos se fecham em resgate
e tudo que eu tenho nesse instante
é a tua lembrança - e o trovoar ressoante

a lua preenche o céu devagar
num paradoxo de nuvens que recobrem o luar
e a escuridão toma conta de mim

porque só assim - só assim! -
as memórias se aproximam do real

e só então teus olhos
- breus e meus -
caem, dando espaço à memória
que vive sempre
e nunca dorme.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

encontre-me no equinócio

e mudam as estações
e agora, menino, é primavera
e as flores dividem lugar com os sonhos que passam correndo a 120 km/h nessa estrada

e veja, meu bem, a bossa retorna
e cada som novo desabrocha
pétala por pétala dessa estação nova
e tuas palavras, enfim, são escutadas...
e os acordes dizem muito sobre o que se descobre.

e a chuva que cai só me lembra você
e a noite escura me lembra você
e a luz encoberta aos poucos dá espaço pra um amanhecer,
também encoberto,
que me lembra você.

e veja menino, quão boa eu sou?
de estar aqui agora satisfeita apenas olhando pro céu e lembrando, lembrando
enquanto amanhece
enquanto o coração se aquece
e apesar das saudades,
e apesar das lembranças
é quase como se, caso não houvesse espera...

em nada seria primavera.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

sobre placas de trânsito

como é bom voltar.
voltar a um estado de ser que você conhece.
voltar a ser alguém que você conhece.
voltar a sentir coisas que você conhece...
saber como lidar. saber como viver.
saber apreciar os dias e perder o fôlego com as pequenas coisas
e apenas ser.

como é bom voltar.
e mesmo sabendo que "qualquer viagem é uma ida sem volta"
e mesmo concordando
então digo que só se viaja uma única vez. e lá se fica.
e tentei outros destinos
tentei outros caminhos
experimentei diferentes rotas, estradas e marchas
e como é bom voltar.

o coração da gente é ponto turístico.
é mão única. linha tracejada.
ultrapassagem sem limites.

mas também parada obrigatória.