a gente morre a cada instante, a cada momento. cada suspiro que damos é um passo mais próximo do fim. morremos ao ouvir um não, morremos por uma decepção, morremos ao ver uma criança chorar, morremos ao ver uma mãe perder seu filho mas principalmente morremos por ver que os outros morrem - e além das nossas formas pequenas de morrer, se vão pra valer.
meu coração bate numa marcha que não faz jus ao carnaval que se aproxima, não faz jus a última festa que eu fui, não faz juz ao último olhar que apreciei. bate num ritmo que as paradas de sucesso desconhecem, que o cotidiano ignora e a gente esquece que acontece. essa marcha abunda os ouvidos e demora um tempo para processarmos o que ela anuncia: um nó na garganta, os olhos pesados, um choque capaz de nos deixar estáticos quando o que queríamos era gritar pelo mundo.
uma sensação completa de incapacidade, indiferença às trivilidades, de pequenez e fragilidade. nas pequenas explosões que nos preenchem o corpo, nos fazendo morrer um pouquinho a cada instante, deixamos queimar tolices, futilidades, nos lembramos do valor da cumplicidade, do companheirismo, da convivência e da simplicidade. agradecemos por estar exatamente onde estamos.
pelas pequenas explosões do corpo, descobrimos o mundo. mas também aprendemos a deixá-lo.
às vítimas da tragédia aqui em Santa Maria, apenas espero que, anterior ao horror vivenciado, tenham vivido suas vidas com muita beleza. e que saibam que não importa quem sejam, dimensionaram pequenas explosões em um sentimento: morremos todos. mas agora, nos reconstruíremos para a vida. aos familiares e amigos, toda a força desse mundo, e que saibam encontrar um caminho de volta e conforto em seus corações.
O texto se encaixa a outros momentos, mas, certamente, foi um dos melhores que vi para o ocorrido.
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