Tenho um anseio que carrego comigo, e sei que a humanidade já está cheia deles, mas mesmo assim não consigo evitar. Consegui, por hora, escondê-lo bem no fundo do peito. No entanto, chegou o momento em que eu não pude evitar. Deparei-me com a capa de um jornal qualquer e só bastou passar os olhos pelas letras pretas garrafais. “CHUVA DE METEOROS” – era o que dizia.
Pra muitos isso talvez não viesse a significar nada, para alguns, talvez remetesse ao medo daquilo que é incerto. As pessoas têm medo do que é incerto. E para os admiradores e curiosos, aquela era a hora de correr e fazer de tudo para poder ver o magnífico acontecimento.
Pois o que se remeteu a mim não foi nenhuma das alternativas acima. Primeiro, porque onde moro, não seria possível ver. Segundo, porque as letras garrafais tinham significado além do literal. Por mais vontade que tivesse eu de ver, não era isso que mudaria minha percepção. Eu queria mesmo era entender.
E eu tentei. Eu tentei entender as pessoas. É uma prática viciante, sabe. Tentar. E ver o quanto é difícil é nada mais que estímulo para continuar. Quando finalmente achei que entendia, isso só me faz perceber a realidade de que eu nunca viria a entender por completo.
E justamente por isso, entre outros, é que as pessoas são tão interessantes. Mesmo as mais medíocres, mesmo aquelas que ignoram os meteoros: elas são interessantes por agirem assim. Todas me atraem num jeito desigual. E, além disso, carrego a curiosidade de que, sim, estranhamente, algumas pessoas eu parcialmente entendo.
Não consigo acreditar que sejam de fato pessoas. Não sei ao certo e é quase certo que nunca saberei. Mas eu gosto de chamá-las de meteoros, cometas, asteróides, estrelas. Eu gosto de acreditar que elas realmente sejam frutos do espaço cósmico, e isso não quer dizer que eu seja adepta da Panspermia. Ainda assim, gosto de acreditar que essas pessoas tão compreensivas sejam astros.
Astros que vem ao nosso mundo para nos fazerem tentar entender. Que nos instigam a estudá-los, observá-los, descobri-los e pôr-lhes nomes. Que fazem sentirmo-nos tão pequenos e redutíveis ao que cada um de nós chama de “meu mundo”.
Afinal, não é assim mesmo que a gente se sente? A vida nunca foi explicada. Ninguém sabe ao certo o que é. Mas todo mundo sabe que quando uma dessas nasce, é pra valer. Uma criança, um pequeno ser. E o que é que a gente faz? Dá-lhes nomes, dá-lhes olhares. Alguns se encantam por elas e outros sentem medo. Temor. Talvez haja quem não sente nada. Mas o destino delas é crescer, e a sociedade as observa, as estuda. Com o tempo, se permite-se, as descobre.
E sempre há aquelas que não se conhece. Sempre há uma infinidade para os sentimentos e pensamentos que eles guardam dentro de si. Sempre há aquelas que você nunca vai entender, que nunca vão deixar-se descobrir. Que vão fechar-se no próprio mundo e viver. Viver só o que lhes interessa e nada além.
É por isso que eu continuo chamando-lhes meteoros, cometas, estrelas e asteróides. É por isso que tenho esse anseio carregado dentro de mim. O que eu espero é pelos meteoros que venham chover aqui. Talvez eles caiam e, desprotegidos, deixem-se descobri-los por mim. Que sou, tão lastimosamente, sua mera imagem e semelhança.
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