- Hum, você tem andado diferente - ele comentou olhando através da janela do ônibus.
- Tenho, é? - a menina indagou enquanto passava pela roleta, entregando-lhe o dinheiro com desinteresse.
Sentou-se à dois bancos de distância e se pôs a observar a paisagem exterior. Instintivamente, o pé batia no chão ritmicamente. O ônibus andava acelerado, pegando todas os sinais abertos, ainda que ela não se desse realmente conta disso.
O tempo passou despercebível. Num perder de olhos pra janela, numa desconcentração momentânea da retina, ela finalmente ouviu a voz insistente a chamando:
- Você perdeu a parada mais uma vez.
- Perdi, é? - ela indagou virando o rosto, fitando o cobrador que tornara a falar.
Não se moveu, esperou que o ônibus parasse em outro sinal qualquer e levantou-se, segurando nos hastes percorrendo o ônibus até a porta de saída.
- Você tem... - ela ouviu a voz novamente, e apertou o botão solicitando a parada.
- É, eu sei. Diferente - ela concordou, resmungando silenciosamente e descendo assim que o ônibus abruptamente freou. Pulou os degraus simplesmente, e uma vez que os pés tocaram a calçada basáltica, o ônibus arrancou com um assovio do cobrador.
Igualmente.
Um pequeno fragmento da vida.
ResponderExcluirGostei!