Ela não lembrava muita coisa do passado daquela amizade, não lembrava muito bem em quais palavras havia surgido e nem a consequência de tal aproximação. Mas lembrava das últimas risadas numa tarde amarga de inverno, da chuva torrencial caindo sobre elas e de um guarda-chuva quase estragado. Lembrava das ruas desconhecidos e de uma busca qualquer, essa qual ela já não mais recordava o que era. E não lembrava dos motivos ou dos assuntos, mas lembrava do sentimento de ter em seus lábios um sorriso largo pendente, uma sensação eufórica preenchendo suas entranhas enquanto o ar rarefeito lutava para percorrer seus pulmões. Ela não lembrava muito bem o que, mas lembrava como... E sentia falta.
Depois desse episódio prolongado por no máximo uma hora, muitas outras coisas aconteceram. E ela também não se lembra como, onde e em qual momento as situações se reverteram: a chuva diminuiu, o frio aumentou descomunalmente. Risos irônicos substituíram os felizes, palavras sinceras e duras substituiriam as bobagens anteriormente ditas. Interferências de terceiros, objeções e trocas de pensamentos: de repente toda a euforia esvaiu-se e ela se viu finalmente sozinha, novamente, trancada no próprio coração.
O que substituiria aquela estranha situação?
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