terça-feira, 10 de maio de 2011

Ocul(t)ar

Meus olhos precocemente desfoacos pelo tempo te enxergam com dor e lágrima, porque tu estás aí ferido e quieto, sofrendo, sangrando, suando em silêncio todas as tuas aflições. Fazendo longas ligações para a secretária eletrônica, deixando-se vencer por essa confusão louca, e assim eu quase não te enxergo. Os olhos meus somente doem. Poderias chegar mais perto pra eu poder te ver e poder te fazer rir? Que talvez, assim, eu consiga te dar um motivo pra sorrir. Consiga acalmar teu corpo inquieto e teu coração reprimido, e consiga também conter o meu, que bate tão dolorido vendo-te viver ferido, sendo aquilo que tu não és.

Todo. Todo dia. Meu olhar sentiu tua falta.
O que os olhos não vêem, falta ao coração.

Um comentário:

  1. Achei muito lindo esse texto. E enquanto este teu último fala do olhar o meu último fala do ouvido, sentidos são tudo.
    Belo texto!
    bjk.

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