terça-feira, 24 de maio de 2011

3x1

E somos bobos ao ponto de pensar que isso nunca vai acontecer com a gente. Claro que não, bem capaz. E hoje aqui estamos nós segurando o peito dolorido que bate por um alguém que chora por ela. Que chora por ela que não está nem aí, que chora por ela que está mais ocupada tentando organizar seus pensamentos insanos, tentando se firmar nos seus méritos, tentando encontrar um motivo pra viver enquanto tu estás ali, entregue, sorrindo, focando os olhos cheios de alegria sob o motivo do teu coração partido e ele não sabe nada a não ser sorrir e te contar coisas banais do dia-a-dia, enquanto tens na verdade os olhos deslocados ao encontro dela. E ela mesma que te faz sorrir, que te faz se encontrar. Ela mesma que te mostrou o caminho, te apontou a saída do labirinto, e ela mesma que o faz com segundas intenções, e ela que só finge, finge, finge, e no fingimento se faz intensa e insubstituível e então desaparece. Como um tufo de pó sob a água da chuva, desaparece, se esvai. E nisso ele a busca, e tu buscas a ela, e perdidos, desolados, se afastam - e por causa dela, não tornam a se encontrar ou sorrir. Nem mesmo contos banais. O fim, nem tu, nem ele... Nenhum saberá.

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