segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ciclo Biológico

E daqueles longos caminhos e da longa estrada percorrida eu já estava cansada. Queria mesmo era fazer aquilo que outras vezes já houvera feito: me deitado na grama para que pudesse ver o céu o mais distante possível, mas ainda assim pudesse o contemplar de uma forma única. Sem ter que segurar as costas, sem ter que forçar o pescoço pra cima. Apenas como num leito de descanso, eu contemplaria o céu, e sonharia com tudo aquilo que havia em mim para ser sonhado.

Mas nunca fui muito sortuda. A grama sempre estava seca. Ainda assim, era reconfortante por um lado: a relva pinicante fazia-me não afundar tão dramaticamente aos sonhos, fazia-me ver que eu estava viva, que aquilo não era sonho nenhum, outrora realidade. Permitia-me apreciar o céu de todo, mas não deixava com que eu me deixasse levar por completa. A grama seca me agarrava ao chão, e, apesar de me permitir sonhar, fazia-me contemplar uma realidade imaginativa.

Dali brotariam meus sonhos doloridos, preso a realidade, preso àquilo que eu não tinha certeza mas queria. O que me reconfortava era que dos céus, meu manto sonhador e lunar, viria a chuva, e a chuva faria meus sonhos limitados crescerem.

Talvez, algum dia, eles atingiriam o céu.

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