sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sobre os doces - I

Doces. Eu gostava deles. Não porque fossem assim tão deliciosos, tão irresistíveis. Mas gostava.

Gostava, de fato, de pegar os pequenos embrulhos nas mãos, passá-los por entre os dedos, observar suas cores, suas diversas formas e sabores. E gostava de ler suas composições, de ver por que mãos haviam sido feitos. Mãos suecas, mãos uruguaias, mãos mexicanas ilegais. Mãos ricas, de edição limitada, ou mãos pobres. Com ingredientes finos, caros, ou ingredientes simples. Com embalagem feia, com embalagem bonita, embalagem preta ou embalagem colorida. Não importa. Gostava de todos os doces igualmente.

Ficava a imaginar a vida das pessoas por quem os doces passavam. As mãos que o faziam, o quão sofridas ou o quão poderosas eram. Será que não os provavam, de tão enjoados que já estavam? Será que poderiam, de fato, prová-los? Ou morreriam sem saber o gosto do sabor feito pelas suas próprias mãos?

Os colhedores de cerejas, os trituradores do cacau, será que eles alguma vez se alimentaram da grandiosidade de seu pequeno gesto diante da magnificência dos doces no geral?

Apanhei um bombom da cestinha. Desembrulhei-o, o provei.

2 comentários:

  1. eu gosto tanto de como tu escreve (é ja disse no msn isso :x )
    parabens cat, belo texto :D

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  2. tu escreve tão bem e eu gosto tanto do que tu escreve [2]
    muito bom o texto, mesmo
    bela volta ;D

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