domingo, 29 de abril de 2012
Referencial
Vou tentar me convencer até que não mais seja possível. Tudo isso porque aquele você ainda bate no peito, e porque minhas mãos apesar de frias teimam em ter forças e segurar um passado que ainda que mal lembrado, carrego dentro de mim. Nesse procurar e encontrar de olhos - só para constatar frieza e esquecimento - me perguntou quanto tempo meus dedos ainda aguentam. Seria mais fácil deixá-los livres e esquecer, mas aquele você simplesmente me faz muito importante e não há como mandar o coração parar de sentir tamanha saudade, não há como apagar as lembranças das estepes com um piscar de olhos ou abrir de mãos. É por isso que tento, sem sucesso, me convencer, de que tudo isso que passa com esse você é não mais do que uma dispersão. Porque não quero nada mais que aquele, não quero nada mais que não seja memória e paixão... Aquela magia ainda me conquista, e meu coração tem-se mostrado mais paciente do que de costume. A cabeça perde-se e o sentimento continua imune. Me pergunto se você também tem tentado se convencer por alguma coisa. Enquanto isso, esses braços quentes me acolhem. E aquele você, no olhar frio que me parte o peito, segue sendo lembrança.
terça-feira, 10 de abril de 2012
Se guiar fosse o caminho
A estrada era bonita e me chamava. É claro, meu coração palpitava a todo instante. Me perguntei que direção deveria tomar, nada em mim deu-se o trabalho de responder. A estrada convidava, o céu era bonito pra todos os lados: que lado seguir então? “Segue o coração, segue o coração...” Coração bate tão forte que é impossível saber o que diz. Qualquer lugar então. Qualquer lugar é lugar pra ser feliz. Fecho os olhos e mentalizo: primeiro pássaro que passar eu sigo, nem que seja cavando buraco no chão. Mas as asas são largas, e o condor lá no alto voa sem destino em direção a pedaço qualquer do céu. O sorriso dentro de mim se esgota, canto da boca dolorido, asas que me fazem sorrir. Abro-me para o mundo, sigo meus passos naquela direção incerta, mas bonita, e deixo com que o vento me trague. Cada passo é um pedaço solto, sou meu andar, sou o que perco: vazio interior cada vez mais, tendo em companhia o vento que me sussurra sem parar “Segue o coração, segue o coração...” Coração nem bate mais.
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Quatro
Estendi minha mão ao teu encontro. Aquele som calmo compassado aquele baixo delirante o tempo todo me lembrando nossos encontros e o teu jeito. Aquele jeito que eu tanto detestava e amava ao mesmo tempo, a forma como só tu e o teu tipo único o torto eram capazes de me fazer feliz. Uma vez você me perguntou o que era felicidade e eu não soube responder. Uma vez tomou coragem pra dizer que me amava e eu não soube responder. Hoje eu observo atenta o baixo de cada música e meu coração rebenta lembrando de ti. Respondo-te então, o que é felicidade: lembrar de alguém e ter o coração doendo de saudade. E acho – não cheguei bem a uma conclusão, que chamamos isso também de amor. Quero encontrar teus olhos e poder ouvir a melodia escapando deles, rir com teu riso, me entregar na tua alegria, na tua diferença, nas tuas maneiras tão divergentes de ser e pensar. Aquele som me traga e me mergulha – universo de melancolia pura! – eu achando respostas tardias ao som de um baixo infeliz.
terça-feira, 3 de abril de 2012
Princípio
Há situações e há situações. Mantenho minha dúvida na cabeça, as diversas situações a que me submeto e o caminho que eu desconheço a seguir. Não sei mais muito bem quem sou, me pego tendo tantos gostos e tantos sonhos distintos, e ao longo da estrada cada um vai me sorrindo e já não sei quem está ao meu lado. O dia-a-dia é rápido como uma bala, o dia se esvai entre pensamentos que desistem e palavras que morrem. Os sentimentos são incompletos. Sobram palavras e faltam dizeres. Meu coração bate e lamenta, ninguém ouve mais. Não há o que falar. Mas uma necessidade assombrosa me assola, e meu coração ainda é inocente, eu sei, e assim chora... Incerteza gritante desse mundo nosso. Eu tentei seguir passos mas eu saí da rota, e perdão porque não sei voltar. Sinto como se a vida escapasse aos dedos, os momentos vão e só resta o receio. Penso tanto no que virá e sinto tanta falta de tudo que passou, do que senti, do que me foi. Vou esperar em silêncio um sorriso, uma mão que me leve de volta ao caminho, vou esperar tua visita e esperar minha coragem e ao mesmo tempo que eu preciso das palavras eu rezo para que me fogem, ao mesmo tempo que eu preciso de pessoas eu peço que evaporem e ao mesmo tempo que eu preciso me manter acordada eu peço por sono. Eu sei que Deus nenhum ouve meus pedidos, mas ainda assim eu peço, na esperança tola, de que surjas à porta e abrace dizendo que tudo que dizem é mentira e que é pra ficar tranquila, não importa - o vento não tarda a soprar de volta. Rumo, foco, todos os princípios que a luz segue me fogem agora. Não sei se penumbra, não sei se sombra... Não sei se indecisão, não sei se medo. Não sei se ser feliz ou ser o que desejam. Não sei o que.
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