segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Roteiro velho

Estou indo aí pra dizer que está tudo bem. Não, isso não ficou bom. Estou indo aí para finalmente poder dizer que tudo está bem. Sim, é óbvio que você vai pensar que sou uma louca, e eu só estou confundindo mais a você e a mim mesma, afinal de contas... mas não importa. Não, isso também não ficou bom.
Quem sabe assim... um dia desses, eu caminho pela rua (você não sabe, mas deveria saber), sem rumo, pensando em talvez ir comprar uns livros ou talvez ir ao cinema sozinha, ou talvez tomar um café no parque - esses talvezes que a gente fica planejando e acabam não acontecendo (mas que dessa vez acontecem). Aí eu estou nessas de me perder e encontrar sozinha, caçando coisas pelas quais me daria prazer passar a semana, e  eu te vejo num desatino atravessando a rua, teu jeito contido e exacerbado, aquelas coisas que só quem ama consegue ver, sabe? Então quem sabe eu sorria feito uma louca, finja que não te vi, fique cá comigo na minha solidão caminhando meu ódio naquela rua... E fico pedindo baixinho, como todas as outras vezes, pra que me veja, veja, veja, e fale, fale, fale... Porque aí de repente já não me perco mais. E aí há um motivo para tomar café no parque, o cinema não será sozinho e os livros não serão os mesmos que eu compraria (você sabe, não ia ser como o planejado...). Mas como eu sei do meu desatino, nada disso vai acabar acontecendo. Então eu fico em casa, trancada, olhando pela janela a rua que eu não gosto lá fora. Escrevendo coisas e lembrando outras, planejando roteiros na minha cabeça, rindo de mim mesma e das coisas que eu mal penso, coisas que só sinto e nem planejo sentir. No fim do dia, deito na cama e fico pensando na manhã seguinte. Acordarei, tomarei café (teu gosto sempre na minha boca), e na caixinha do correio uma carta tua... uma carta vazia cheia de papéis, onde eu poderei escrever meu roteiro e viver meu filme, onde talvez eu encontre respostas pra essa peça da minha cabeça. Aí um dia, talvez, quando eu lançar o dito, você venha falar comigo sobre o nosso passado, essas coisas que eram pra ter acontecido e não foram e eu te sorrir mais uma vez, e pedir baixinho mais uma vez, e concluir, rindo de mim, da minha loucura, da minha imaginação criativa, vou pedir um abraço e dizer "Foi lindo". E só.

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