domingo, 30 de outubro de 2011

Pedidos

Eu vou pedir baixinho... eu vou pedir baixinho... eu vou pedir baixinho. Toda hora, quando encontro, eu vou pedir baixinho... Preciso do teu olhar ao encontro do meu, preciso de olhos cúmplices que leiam o que eu guardo tão cerrado na minh'alma, preciso de um sorriso bobo e uma repreensão.
Vou pedir baixinho: vem falar comigo, vem me dar uma desculpa pra eu te sorrir tola, e te dizer todas aquelas coisas que eu te disse uma vez em meias palavras... deixa eu brincar um pouquinho com a tua imaginação, deixa eu brincar com nossas vidas, deixa eu te dirigir nesse filme em que tudo são cenários verídicos e sentimentos reais?
Deixa eu te amar... baixinho? Deixa eu sussurrar o quanto dói a saudade? Deixa eu te dizer o que eu penso sobre você e tudo que você era e deixou de ser? Deixa eu te convencer de que não precisa ser tudo assim? Deixa eu mostrar todo o amor e a dor que há dentro de mim...
Deixa eu tomar teus braços pela primeira vez, deixa com que as palavras saiam sem medo... pela primeira vez. Me deixa sorrir louca, me deixa pedir baixinho... Um encontro cúmplice, meu álibi pra vida perdida, meu escape para as longas horas de ocupação e obrigações tardias. Me deixa confessar meu coração. Cuida dele pra mim? Vou pedir baixinho, vou pedir baixinho... Me deixa te sorrir.

sábado, 1 de outubro de 2011

Muito sente, muito cala

Ninguém mede o quanto se sente. Não foi fácil chegar a essa conclusão, não foi fácil tomar coragem e sentar nessa mesa e apanhar do copo como quem segura uma corda de resgate, não foi fácil e nem era pra ter sido. A estrada é sinuosa, cara, os postes estão todos quebrados... o lixo tá solto na rua, as nuvens enchem o céu, pintam-no numa aquarela cinza de tristeza. E tá todo mundo perdido por aí. Tem muito sangue sendo despejado, a todo instante, o tique-taque do relógio é sangue que corre nas veias, o tempo é compasso ao coração: e às vezes, trai. Momentos de medo, reumatismo que dilacera a carne, isso tudo... já não sei, ninguém mede afinal o quanto se tem. Ninguém sabe o que está por vir... entende? Meu resgate chega ao fim e não há esperança, tenho lutado a todo gole, tenho tentado, a cada tique-taque, a cada vez que a porta da rua abre e uma rajada de vento frio passa, acompanhada de mil lágrimas da aquarela cálida. Fico me perguntando, questionando, o tique-taque se esgotando, sinapses aleatórias, lembranças de um paladar, lembranças... Lembranças que ninguém jamais lembrou. Quando tudo está por se perder, e a corda, aos poucos, vai assim... escorregando. As mãos já suam, o tique-taque descompassa, e eu que imploro em meu silêncio: abre, abre, porta! Te aguardo em todo e qualquer lugar, a qualquer hora.