quarta-feira, 12 de setembro de 2012
The wind speed
Sinto muito, mas estou apaixonada pela raiz do teu cabelo. Que esquisito, que estranho - certo que tu dirias. Mas fico olhando ali aqueles fios que tão delicamente se prendem e caem pelos teus ombros nus e roçam no teu pescoço alvo e lânguido no ritmo louco que só é do vento. E começo a amar primeiro o vento - que na verdade eu já amava - e depois começo a amar a tua pele, teu pescoço mais especificamente, mas reparo que os ombros também me encantam - e que talvez sejam os cabelos - mas a final de contas chego a conclusão de que o motivo de todo meu amor naquele momento não é nada mais que a raiz dos teus cabelos. Dizem que amamos aquilo que faz as coisas acontecerem, mas eu preferi amar o que acontece. Queria que tu tivesses essa visão, o vento louco batendo em ti e em mim e tua raiz ali, firme, sustentando toda a graciosidade do movimento dos teus cabelos que roçam, roçam, acariciam... Os meus olhos distantes do cheiro de artemísia mas ainda assim acariciados e perfumados pelo movimento tão doce dos teus fios de cabelo. Ah, teus dedos que tão lentamente sobem às mechas e a distração com que tu levantas o cabelo e prende-o atrás da orelha... tão alva. Rio um pouco nervosa com tudo aquilo, teu sorriso de canto basta para que o vento cesse - ao menos eu só sinto todo aquele ar dentro de mim, e naquele furacão que me percorre por dentro, solto enfim o ar num suspiro e digo: - Ah, o vento.
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