Eu diria: desculpa. Desculpa por não me contentar com pouco, desculpa por não sorrir de um tombo, desculpa por não ser exuberante por causa de uma piscina e um sapato novo. Desculpa. Desculpa por não poder sorrir só por conta de um 'olá', desculpa por não amar de primeira, amar meio mundo, amar todo mundo. Eu diria, desculpa.
Mas do contrário não me desculpo. Desculpa tal arrogância, tal prepotência: gostaria de poder me desculpar mas não o consigo fazer. Se o mundo lá fora já não me comporta, eu o faço e digo: desculpa, mas não me importo! Na sintonia que vivo, tais fatos simplesmente passam a limpo. Não me desculpo, eu vivo. Do meu jeito, com minhas exigências. Talvez deslocada, afastada, mas do meu jeito. Na sintonia de outros. Na profundeza de outros que eu hei de encontrar.
Desculpa. Eu diria. Mas hoje já peço perdão. E de toda tal solidão, eu vivo. E vivo. Do meu jeito, mas vivo. E vivo feliz, com o coração leve e sincero. Pecando, mas vivo.